quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Reconstrução



Cheguei a escrever sobre minha desconstrução
Destruição que outro alguém me causou
Que de peça em peça me desmontou
Me levou ao chão, e lá me deixou.

Mostrei-o a você e a mais ninguém, pois
Nada quero lhe esconder
Nenhuma máscara quero vestir
O que ora importa é:
Minha reconstrução estava em você

Quer entender meus medos e aflições
Me escuta e abraça com força
Como se não quisesse jamais me soltar
Como se eu pudesse num suspiro escapar

Mas por quê?
Por qual motivo eu fugiria do Sol,
Da luz que me fez acreditar
que sim...
Ainda sou capaz de amar




Não vou fingir ser forte, já sei que não sou
Tentei fingir, e nunca adiantou
Já não tenho medo de dizer, eu
me perdi em você

E em você que quero estar,
Na chama dos seus beijos
No calor dos seus abraços
Ao seu lado em cada passo

Reencontrar as peças que deixei escapar
Meu quebra-cabeças finalmente completar
Já não há mar a me afogar,
Apenas Sol, que cada lágrima há de enxugar

Por longe que esteja
Comigo está
Mas a cada encontro, eu prometo
Não terei medo de me queimar
E como nunca amei antes vou te amar


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Veneno















Veneno é o que é o verde dos olhos meus
Veneno pouco sutil que me faz estremecer,
Que dispara em meu peito o terror;
E amor... 
                                                        (Não me deixe aqui tão só)


Ah... Que o mel se sobressaia ao verde
Que o doce encubra o acre, e que o vento sopre e
Nos faça flutuar, sem que este verde vil venha à terra nos puxar

                                         
Seja a brisa!
Venha, beije-me e acaricie meus cabelos até me desanuviar
Até que o veneno morra em mim e não se faça mais sentir
Atenue-se, desfaça-se e dissipe-se no ar;


Quero fazê-lo só sorrir, sempre sorrir
Para, enfim, enxugar o meu olhar




segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A Bailarina do Mar



Lá vai ela, a Bailarina, a dançar
Vai dançar para lhe dar tudo o que desejar
Vai dançar ao som do seu Mar

E todo o mel que há em seus olhos dele é
Também todo o verde por vezes escondido,
Ou o castanho em sua ausência escurecido...

Em seu reflexo ela não deixará de procurar
por ele, o Mar, que não se cansa de espelhar
O sol, a lua, o negro e o azul do céu,
Além de dar-lhe as estrelas e mil nuvens de papel
Fazendo-a, assim, dançar


Não deixe de levar, Mar,
A Bailarina, que vive de dançar
E que sem a carícia de suas ondas
Mal consegue respirar

Faça-a flutuar
Que ela há de ser sua,
Somente sua Yemanjá

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Litoral

O mar com suas carícias 
Pacientes desfaz,
Após insistência sagaz,
A mais concreta parede


Doces investidas de som e sal
Levam aos poucos sua base,
o seu quê tão trivial:
Dureza e aspereza, imponente litoral


Jaz a rocha em areia desfeita
Ao relento de seu amante,
Num vai-e-vem fascinante
Entre ondas de melodia


Dançam e cantam enfim as águas
E a essência daquela rocha que,
Prepotente, intransponível se julgava
Sem saber que em barreira só perdia,


                            E em areia revivia



quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Insônia

A noite vem e se mostra
Mais profunda a cada tic,
A cada tac do relógio...
< tic >
         Uma lembrança,
                                  < tac >
                                             Prudência: esquecimento















O tic-taqueante rebuliço de histórias sem começo, meio ou fim
Traz o infinito da noite para o peito de quem
Ancora os olhos num ponto fixo de parede branca
(Tela para as imagens que se formam e desmontam)
Parece calculado, se torna esperado, esse tic tac

Esse tic tac tic tac    t i c     t a c          t  i  c            t  a  c

Que só vem a se calar quando o céu laranja se faz
Forçando o fechamento suave das pupilas,
Desancorando a mente das lembranças,
Os olhos das pinturas na parede branca,
O eco do relógio de sua eternidade soberana

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Healing




A tattoo never becomes just a painting on the skin if you insist on scratching it.
Just let it heal... Let it heal 'till you stop feeling it's a scar, 'till you get to see it simply as art



quarta-feira, 6 de julho de 2011

O sussurro do silêncio


Veja, ouça e
Sinta o furor do vento que beija
Vento veloz que despenteia, desata, desnuda e então muda
Que vem varrendo várzeas, uivos e vozes ferozes
Arranca, desanda, desama, derrama e mistura
Os versos e os vasos, e as vozes e os uivos de outros ventos vorazes
Encarna, descarna, atravessa voando, vazando, parando...

Então suspende o deleite, se cala. Um sussurro reclama...
                                    
                                                   - Ele passa e não sente nada


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dance


Dance to live, to breathe, to forget
Dance and don’t ever, ever regret

Dance
Dance with your feet, your hair, your arms
Dance with your chest, your hands, your heart

Dance
What would a life be
If to each song sang
A dance wasn’t danced
A path wasn’t crossed
A storm wasn’t ended
A thought wasn’t thought;

Dance
And if you for any reason fall, don’t stop
Make up a whole new part on the floor
Jump high and then step up;
But before the end, don’t you forget
Keep on to the most beautiful pirouette

Even if you don’t have a plan
Improvise, never stop to dance
Because life is the biggest stage
And no one has got a second chance

terça-feira, 12 de abril de 2011

Inevitável



Na Primavera floresce o que há de florescer
Se espanta o silêncio do Inverno, o anoitecer
Renasce a vida e se ouve a voz antes calada
Surge a beleza com a nova alvorada.
Se cresce, se cria, se canta, se sente
A inocência é tudo que se tem em mente

No Verão o calor incendeia
A paixão na pele queima
No Verão o calor sufoca
Se estremece quando o Sol nos toca
Se revolve, se pensa, se escolhe
Pouco a pouco a inocência se tolhe

No Outono se sente pesar
O sufocante calor se deixara levar
O céu e os ânimos escurecem
As folhas ao chão amortecem
Podendo-se então cair e se deixar ficar
Espera-se o tempo passar.

E finalmente quando o Inverno chegar
A frieza e o silêncio se hão de instalar
Um novo fim que quando seu fim alcançar
Anunciará o início de nova Primavera
Nada mais e nada menos que o início de uma nova Era.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Chuva


Ouça o doce ruído que do céu desce
É a chuva, que chega e enxagua
Leva e traz dor, alegria e mágoa
Transforma toda a sujeira guardada
Numa avassaladora enxurrada
E arrasta a sandice que restava...
Chega a chuva e distrai a razão
Vem a água e escorre num vão
Passa a chuva e jaz na poça do chão a lembrança,
Como o medo insensato que se tem desde criança.