terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Amante

 













Carinhoso, sobre minha pele brinca
Seu toque suave, ainda que ardente
Envolve-me em calor, entorpece.
À pele atiça, amortece e acaricia
Com seus dedos de seda, inebria
Com seus beijos tão quentes,
Com seu calor febril, o Sol,
Eterno e doentio amante,
Me leva a delírios fascinantes

domingo, 14 de novembro de 2010

Vaso Grego

.


Se o ator se perde na máscara e
Nela se deixa ficar
Seu rosto a ela se funde
Enquanto a tudo tenta estancar.
Passará então a fingir... Que não há

(Dor não há; Nostalgia não há; Êxtase não há )

Sobre a máscara, frieza:
Lágrimas estáticas
Cristalizadas
Exauridas
Perdidas
Sob ela
Incertezas,
Parcas crenças
Memórias acesas,
Mas contidas, retidas
Engasgadas, estagnadas

Porém, houve:
Houve ali um ator
Que se perdeu ao decidir
Tentar se esconder da dor
E à tirana máscara sucumbir

Moldou-se a si mesmo como a um vaso grego, vazio
Aparentemente belo e supremo... Mas de cerâmica frágil, sutil.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Epifania

O silêncio da noite inspira
Volúpias insaciáveis, incita
Desejos a emigrarem da mente
E materializarem-se em calafrio entorpecente,
Em suor gélido, mas ardente.
Com a volúpia cresce e se cria
Incontrolável prazer pela ira
Unhas dentes cabelos bocas
Peles úmidas, febris, trêmulas.
Arquejante epifania

Da noite faz-se o dia,
Do pecado se extrai a sinfonia,
Do suspiro, a melodia
E assim, no gozo nasce a sincronia.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Desabstraindo

O Tempo vai
O Tempo passa
O Tempo deixa sua marca

O Tempo engana...
Pois no Tempo não há tempo
Não há passado, presente, futuro.
Há memórias, ações, planos;
Há lembranças, paixões, sonhos;
Há filmes, gravações, scripts;
Mas não há tempo, não há.

Passamos por sóis e luas,
Desabstraímos a abstração,
Fingindo ter algum controle
Sobre nosso cárcere, sobre nós,
Sobre o Tempo, e o tempo
Que passa sem sequer existir.

Até mesmo a imortalidade na memória
É efêmera: desbota, se perde, esfria...
Pois no futuro já não há passado,
O que houve já não há;
O que há, já não haverá.

Nem nós havemos de ser;
Já que o passado será esquecido
E que o presente estará findo
Em um futuro abstraído.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

É assim,

Certeza insegura,
Dúvida pura,
Coragem medrosa,
Calma espantosa,
Frieza dormente,
Paixão insistente,
Descrença solene,
Efêmero perene,
Busca incessante...
Inconstante...

É, é assim 
       assim que eu vou.
               
Sou e não sou;
Me encontro e me perco;
Entendo e duvido;
Invento...
Verdades tortas,
Mentiras sinceras,
Realidades loucas.

A tudo aspiro 
E suspiro sempre, sempre
Pela confusão que me traz a certeza da vida.