A noite vem e se mostra
Mais profunda a cada tic,
A cada tac do relógio...
< tic >
Uma lembrança,
< tac >
Prudência: esquecimento
O tic-taqueante rebuliço de histórias sem começo, meio ou fim
Traz o infinito da noite para o peito de quem
Ancora os olhos num ponto fixo de parede branca
(Tela para as imagens que se formam e desmontam)
Parece calculado, se torna esperado, esse tic tac
Esse tic tac tic tac t i c t a c t i c t a c
Que só vem a se calar quando o céu laranja se faz
Forçando o fechamento suave das pupilas,
Desancorando a mente das lembranças,
Os olhos das pinturas na parede branca,
O eco do relógio de sua eternidade soberana