quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Litoral

O mar com suas carícias 
Pacientes desfaz,
Após insistência sagaz,
A mais concreta parede


Doces investidas de som e sal
Levam aos poucos sua base,
o seu quê tão trivial:
Dureza e aspereza, imponente litoral


Jaz a rocha em areia desfeita
Ao relento de seu amante,
Num vai-e-vem fascinante
Entre ondas de melodia


Dançam e cantam enfim as águas
E a essência daquela rocha que,
Prepotente, intransponível se julgava
Sem saber que em barreira só perdia,


                            E em areia revivia



quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Insônia

A noite vem e se mostra
Mais profunda a cada tic,
A cada tac do relógio...
< tic >
         Uma lembrança,
                                  < tac >
                                             Prudência: esquecimento















O tic-taqueante rebuliço de histórias sem começo, meio ou fim
Traz o infinito da noite para o peito de quem
Ancora os olhos num ponto fixo de parede branca
(Tela para as imagens que se formam e desmontam)
Parece calculado, se torna esperado, esse tic tac

Esse tic tac tic tac    t i c     t a c          t  i  c            t  a  c

Que só vem a se calar quando o céu laranja se faz
Forçando o fechamento suave das pupilas,
Desancorando a mente das lembranças,
Os olhos das pinturas na parede branca,
O eco do relógio de sua eternidade soberana

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Healing




A tattoo never becomes just a painting on the skin if you insist on scratching it.
Just let it heal... Let it heal 'till you stop feeling it's a scar, 'till you get to see it simply as art



quarta-feira, 6 de julho de 2011

O sussurro do silêncio


Veja, ouça e
Sinta o furor do vento que beija
Vento veloz que despenteia, desata, desnuda e então muda
Que vem varrendo várzeas, uivos e vozes ferozes
Arranca, desanda, desama, derrama e mistura
Os versos e os vasos, e as vozes e os uivos de outros ventos vorazes
Encarna, descarna, atravessa voando, vazando, parando...

Então suspende o deleite, se cala. Um sussurro reclama...
                                    
                                                   - Ele passa e não sente nada


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dance


Dance to live, to breathe, to forget
Dance and don’t ever, ever regret

Dance
Dance with your feet, your hair, your arms
Dance with your chest, your hands, your heart

Dance
What would a life be
If to each song sang
A dance wasn’t danced
A path wasn’t crossed
A storm wasn’t ended
A thought wasn’t thought;

Dance
And if you for any reason fall, don’t stop
Make up a whole new part on the floor
Jump high and then step up;
But before the end, don’t you forget
Keep on to the most beautiful pirouette

Even if you don’t have a plan
Improvise, never stop to dance
Because life is the biggest stage
And no one has got a second chance

terça-feira, 12 de abril de 2011

Inevitável



Na Primavera floresce o que há de florescer
Se espanta o silêncio do Inverno, o anoitecer
Renasce a vida e se ouve a voz antes calada
Surge a beleza com a nova alvorada.
Se cresce, se cria, se canta, se sente
A inocência é tudo que se tem em mente

No Verão o calor incendeia
A paixão na pele queima
No Verão o calor sufoca
Se estremece quando o Sol nos toca
Se revolve, se pensa, se escolhe
Pouco a pouco a inocência se tolhe

No Outono se sente pesar
O sufocante calor se deixara levar
O céu e os ânimos escurecem
As folhas ao chão amortecem
Podendo-se então cair e se deixar ficar
Espera-se o tempo passar.

E finalmente quando o Inverno chegar
A frieza e o silêncio se hão de instalar
Um novo fim que quando seu fim alcançar
Anunciará o início de nova Primavera
Nada mais e nada menos que o início de uma nova Era.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Chuva


Ouça o doce ruído que do céu desce
É a chuva, que chega e enxagua
Leva e traz dor, alegria e mágoa
Transforma toda a sujeira guardada
Numa avassaladora enxurrada
E arrasta a sandice que restava...
Chega a chuva e distrai a razão
Vem a água e escorre num vão
Passa a chuva e jaz na poça do chão a lembrança,
Como o medo insensato que se tem desde criança.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Névoa de prismas



Os olhos se abrem e a claridade ofusca, chega a queimar a retina
É uma cortina branca que reflete luz com tal veemência que inebria.
Mas após um pouco examinar, eis que se acha uma fresta
Através da qual se vê além, além da alienante tranquilidade...
Calamidade! Vê-se por diversos ângulos a mais pura realidade. 
E ao deparar-se com tal visão não há como evitar...
A ofuscante cortina, como névoa, se há de dispersar
E todos os raios refletidos juntos na ilusória branquidão, 
Ao passar pela névoa de prismas, se desmembrarão
Em vermelho laranja amarelo verde lilás azul anil
Cada qual trazendo também uma essência vil.