terça-feira, 19 de outubro de 2010

Epifania

O silêncio da noite inspira
Volúpias insaciáveis, incita
Desejos a emigrarem da mente
E materializarem-se em calafrio entorpecente,
Em suor gélido, mas ardente.
Com a volúpia cresce e se cria
Incontrolável prazer pela ira
Unhas dentes cabelos bocas
Peles úmidas, febris, trêmulas.
Arquejante epifania

Da noite faz-se o dia,
Do pecado se extrai a sinfonia,
Do suspiro, a melodia
E assim, no gozo nasce a sincronia.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Desabstraindo

O Tempo vai
O Tempo passa
O Tempo deixa sua marca

O Tempo engana...
Pois no Tempo não há tempo
Não há passado, presente, futuro.
Há memórias, ações, planos;
Há lembranças, paixões, sonhos;
Há filmes, gravações, scripts;
Mas não há tempo, não há.

Passamos por sóis e luas,
Desabstraímos a abstração,
Fingindo ter algum controle
Sobre nosso cárcere, sobre nós,
Sobre o Tempo, e o tempo
Que passa sem sequer existir.

Até mesmo a imortalidade na memória
É efêmera: desbota, se perde, esfria...
Pois no futuro já não há passado,
O que houve já não há;
O que há, já não haverá.

Nem nós havemos de ser;
Já que o passado será esquecido
E que o presente estará findo
Em um futuro abstraído.